Superação, dedicação e esperança. Três palavras que podem ser utilizadas para definir a trajetória do jovem Guilherme Conceição Cruz, de 17 anos, morador do bairro Varjão, em Piraí. Guilherme perdeu a perna direita em 2012, em um acidente de moto. Ninguém esperava, no entanto, que da adversidade fosse nascer um sonho paralímpico.
Durante o tratamento e reabilitação no Rio de Janeiro, Guilherme foi convidado para treinar canoagem, pelo projeto ‘Superar’, na Lagoa de Marapendi, localizada no Clube dos Oficiais Bombeiros, Barra da Tijuca. O técnico Jorge Freitas e os fisioterapeutas viram potencial em seu desempenho e biotipo. Há cinco meses o ele resolveu aceitar a proposta e hoje já é um dos destaques da equipe.
No último dia 24 conquistou medalha de bronze na categoria canoa havaiana, no Campeonato Estadual. Sua equipe era a única formada por deficientes. O próximo desafio é o Campeonato Sul-Americano, que será realizado em Curitiba, no mês de novembro. Para o ano que vem a meta é ser classificado nas eliminatórias para os Jogos Paralímpicos, no caiaque.
Rotina e Estudos
O início da carreira de atleta de Guilherme não tem sido fácil, mas o jovem garante que está valendo a pena. De terça-feira a sexta-feira, a rotina é puxada: acorda às 4 horas da manhã para ir até Volta Redonda onde segue para a Barra da Tijuca. O retorno é às 14 horas para a escola que começa no final da tarde. Mesmo com todo empenho, parte do treino é perdida, pois os horários de ônibus não são compatíveis com a necessidade do adolescente. A viação de ônibus colabora com um passe que precisa ser renovado em dezembro.
“Não é fácil. Tem dia que o corpo cansa. Tem dia que é difícil levantar da cama. Mas é o meu sonho e eu tenho que seguir. Normalmente eu deveria treinar 6 horas por dia, não consigo hoje porque não dá tempo. Mas eu vou conseguir. Está valendo a pena. E eu também não vou parar de estudar. Um dia o corpo não vai aguentar mais remar. Eu me encontrei e quero ficar no esporte de qualquer jeito. Pretendo fazer uma faculdade de Educação Física.” assume Guilherme.
Integração
Segundo Guilherme, ter a oportunidade de sair de casa para ir treinar com uma equipe que vive a mesma realidade que a dele é bastante motivador. “A gente faz da nossa deficiência a nossa brincadeira” conta o paratleta. “Mesmo que eu tenha meus amigos aqui, lá é diferente... A gente conversa sobre a muleta do outro, da qualidade de uma prótese... São pessoas que passam a mesma coisa que eu”.
Mensagem
Mesmo jovem, Guilherme já parece saber o real valor da vida e deixa como mensagem para todos que vierem a saber da sua história que “a vida é muito para a gente parar por qualquer coisa. Obstáculos surgem e precisamos simplesmente ultrapassá-los”orienta.